Publicado em 14/08/2019
Data escolhida pela UNE e centrais sindicais tem pauta contra a reforma da previdência e em defesa da educação
Em Petrolina, no Vale do São Francisco, a manhã de ontem (13) foi de mobilização. Cerca de 500 pessoas se reuniram na Praça do Bambuzinho, no centro da cidade, no Dia Nacional de Luta pela Educação e contra a Reforma da Previdência. A data, definida pela União Nacional dos Estudantes (UNE) em seu congresso no mês de julho e aderida por vários sindicatos em todo o país tem dois eixos de reivindicação. O primeiro é a defesa da educação, já que, até agora, o Ministro Abraham Weintraub fez um corte de seis bilhões de reais na verba do ensino superior e recentemente lançou o projeto Future-se, contestado por movimentos populares e especialistas em educação. O segundo é a luta contra a Reforma da Previdência, já aprovada no primeiro e segundo turno na Câmara dos Deputados e que, agora, vai para o Senado.
Raimunda de Souza, professora da Universidade de Pernambuco, esteve no ato. Para ela, a mobilização tem o papel de mostrar o posicionamento contrário da população à atual agenda política do Congresso e do MEC. A professora teme os impactos da reforma na vida dos educadores: "A reforma vai afetar principalmente em relação à aposentadoria, mas num primeiro momento. Os professores não conseguem ter muito tempo em sala de aula, ainda mais pensando que não há mais garantia de aposentadoria, não são todos que chegam aos 70, 75 anos com capacidade total de ensinar". Além disso, ela ressaltou a importância no investimento na educação superior, em especial as pesquisas "Esse presidente não consegue entender que a educação é primordial no desenvolvimento do país. Se ele diminui o investimento, não tem como desenvolver pesquisa. Como desenvolver o país se a universidade não tem a estrutura mínima para garantir a pesquisa e os pesquisadores?" questiona.
O ato reuniu sindicatos de educadores das cidades circunvizinhas, como Araripina, Orocó, Salgueiro e Ipubi, cidade onde vive Vilma Lúcia, que coordena a Regional do Sertão do Araripe do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Pernambuco (SINTEPE). O principal chamado para o ato, segundo ela, são os perigos da reforma "A reforma está posta para acabar com a vida do trabalhador. Para minha vida, que estou em fim de carreira, mas principalmente pra vida daqueles que nem entraram no mercado do trabalho, os que buscam estabelecer uma relação de trabalho, porque a reforma trabalhista já dificulta bastante e essa veio mesmo para acabar com a vida do trabalhador".
Uma boa parte do público eram estudantes do ensino médio, técnico e superior das universidades federais e estaduais da região, que já vem sentindo os impactos dos cortes. A Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), que está em 3 estados e tem dois campi em Petrolina anunciou recentemente que cerca de R$ 11 milhões já foram cortados da verba de custeio, o que vem ocasionando demissões em massa, como a dos 150 funcionários terceirizados que foram dispensados no início do mês.
omo resposta aos cortes, o governo lançou no fim de julho o projeto Future-se, que prevê a criação de um fundo de cerca de R$ 102 bilhões para atrair investimentos privados nas instituições de ensino superior, retirando do Estado a responsabilidade de investir na educação. A proposta já vem sendo rechaçada por movimentos populares e pelas próprias universidades. João Ferreira, que é estudante universitário, ressaltou o retrocesso do projeto "O projeto é totalmente absurdo. O nome Future-se é um nome bonito, mas que tem algo ruim por trás, não é um futuro melhor para os estudantes e nem para os professores".
O ato seguiu pelo centro da cidade e encerrou por volta de meio dia na sede da Prefeitura Municipal de Petrolina, onde o atual prefeito Miguel Coelho (Sem Partido) foi criticado por estar dando sinais de aproximação com o presidente Jair Bolsonaro (PSL).
Fonte: Brasil de Fato